Thursday, August 11, 2011

AFTER-MORTIS


Sozinho acordo em meu quarto
Há um estranho dormindo no sofá da sala
Eu não ligo, pois ontem havia muitas pessoas desconhecidas em minha casa
Creio que nenhuma delas me fez companhia
Nenhuma delas me amou
Nem sequer carinho me deu
E, como diria um medíocre jornalista, "a vida segue"
Neste infindável after-hours
Um after-hours sem graça, sem sentido, sem amor, nem paixão
Um after-mortis.
E eu aqui
Não quero a cocaína deles
Bebo meu vinho e cada vez esqueço mais quem sou
Mas, infelizmente, me lembro
Quando o dia amanhece ou quando acordo, já ao anoitecer
E tudo se repete então
Preciso ver pessoas para não me sentir tão só
Preciso beber para esquecer quem sou e tudo o que perdi
Preciso desaparecer para renascer
Mas como?
Se nem sei mais quem sou
Se estou me perdendo de mim mesmo
Se nem mesmo sei ainda vivo
Se este estranho no sofá não acorda, para que eu possa sair e tentar viver
Se o cantor no rádio me diz que o amor é cruel, mortal

Sim, meu senhor, o mundo está cheio de filhos da puta
E eu não sou um...

Bem, vou tentar comer algo, pois a noite começou e preciso de forças para não me atirar ao mar…

Saturday, July 16, 2011

brega

Ah, Waldik, seu maldito adivinhador de sentimentos! http://youtu.be/6UrVu852moM

Esta noite
Eu queria que o mundo acabasse
E para o inferno o senhor me mandasse
Para pagar todos os pecados meus
Eu fiz sofrer a quem tanto me quis
Fiz de ti meu amor infeliz
Esta noite eu queria morrer
Perdão
Quantas vezes tu me perdoaste
Quanto pranto por mim derramastes
Hoje o remorso me faz padecer
Esta é a noite da minha agonia
É a noite de minha tristeza
Por isso eu quero morrer

Wednesday, June 29, 2011

NINGUÉM

Escrevo para ti, mas sei que não vais ler. Nem mesmo te lembras ou sabes que isto aqui existe.
Escrevo para ti, mesmo sabendo que me odeias e que te trago lembranças de morte.
Mesmo assim, escrevo para ti. Escrevo talvez para tentar te odiar, talvez para tentar suportar toda a dor.
A dor de não te ter e de saber que não terei jamais.
A dor de imaginar que teu coração já seja feliz com outra morada.
A dor de não conseguir ser de mais ninguém desde que te foste.
Acho que escrevo numa esperança inconsciente de que, caso um dia desejes saber como me sinto, tenhas estes relatos.
Letras que desmentem o que tento mostrar fora daqui, letras que não mentem.
Talvez te escreva porque precise desabafar, precise de um ombro amigo e não tenha.
Te escrevo, quem sabe, porque não aguente conter tudo isso em mim, isso tudo que sufoca e não me deixa viver plenamente. Estou sempre pela metade.
Escrevo-te talvez porque toda vez que venho aqui minha alma dói e, mesmo assim, eu não resista e passe por aí sem nem saber porque.
Escrevo porque os filmes, as musicas, os lugares, comidas e até o dia ou a noite me trazem esta lembrança amarga de que eu não pude te mostrar quem sou de verdade.
Te escrevo porque sou só metade do que detestas, mas tenho uma metade branca como a neve, que não vês.
Escrevo porque nem sei se um diaa viverei para te ver denovo, visto que definho de sofrimento, de tristeza e de solidão, mesmo em meio aos amigos, colegas e a tudo que existe.
Escrevo, enfim, porque ainda te amo e é isso que eu lembro quando penso em ti, mesmo quando te odeio por um instante.
Amo o impossível, amo o que não posso amar, amo quem me odeia, por isso escrevo.

Monday, June 20, 2011

bandeira branca, amor(?)

A paz que esta solidão me traz
Como se nunca tivesse havido dor
Como se fosse só miha imaginação
Como se eu me bastasse a mim mesmo
A paz de estar só
A paz de nada precisar
Por nada querer
Triste? É claro!
Mas é uma tristeza que não incomoda a ninguém, exceto a mim
Uma tristeza de jeca mesmo
Tristeza de quem é triste por ter perdido a capacidade de amar
Por ter amado demais.

Harry Van Scott

Monday, June 13, 2011

SON(H)O ETERNO

Não quero mais acordar
NUNCA MAIS!
Não quero mais lembrar que não te esqueci
Não quero saber de ti, de mim, de nada
Quero apenas dormir e sonhar
Acordar eu não quero, não
Acordar dói demais
Assim como viver
Acordar para a vida dói demais
Assim como acordar de um sonho
Um sonho que,, de tão ruim, era bom
Um sonho onde eu te esquecia
Um sonho onde eu aprendia a viver
E a morrer sem ti

Harry Van Scott

Friday, May 27, 2011

éramos UM

Teu corpo se abrindo para mim
E eu me enfiando, como se crava uma estaca no peito de um vampiro
Ó, gozo!
Regozijei-me em meio às tuas coxas grossas e úmidas
E fez-me isto crer na existência de um deus
Em teus lençóis esqueci que a vida é rude
Esqueci que havia uma vida além da sacada do teu quarto
Tua boca em meu sexo e minha boca no teu
Tua boca na minha e nossos corpos enroscados
Fomos um só todas as vezes que nos demos um ao outro
E te amei como a ninguém mais
Mas algo nos separou e tornou-nos dois novamente
E nesta divisão
Algo de ti em mim ficou
E algo de mim está faltando aqui
Ficou em mim a saudade
E o pedaço que me falta agora é o que chamava secretamente de felicidade.

Tuesday, April 19, 2011

Enquanto me olhas ou enquanto eu te vejo

Enquanto você me olha aí sentada à beira da lagoa, fantasmas vêm me assombrar. Ah, esta modernidade!
Quisera eu te ver somente aí e e ver-te somente, aí ou em qualquer lugar. Quisera eu te ter por um instante ou dois, sentir teu gosto, te provar e me provar se estou certo ou errado, errado ou certo.
Quisera eu esquecer que na escuridão há fantasmas e me lembrar que lá também pode haver uma musa, um modelo de inspiração, de redenção...ou simplesmente de distração.
Não quero mais fantasmas, já fui assombrado o bastante, já assombrei demais também. Quero só saber se és ou se não és, se vais ou se ficas...ou se ficas comigo...ou se vais comigo...
Mesmo que não seja amor, mesmo que nem mesmo paixão seja, te quero, por um instante, dois...ou enquanto durar ou crescer o que hoje é apenas tua imagem sorrindo pra mim.
Te quero antes que outro, te quero enquanto não perdestes o encanto, o brilho, a magia e tua monocromia, tua elegância pequena. Te quero assim, meio crua, meio dura, meio assustada. Te quero assim como és.
Te quero e é pra ontem!

Wednesday, March 02, 2011


O prejuízo das horas que passei ao teu lado
Foi o de não te amar como planejado
Amargo fui, por amargo ser meu passado
E o amor, coitado, em chegar sentiu-se envergonhado
E protelando foi sua aparição
Ainda que ali estivesse, de prontidão
E velou-se
Para descobrir-se nas cinzas

Já não era folião
Era só mais um Pierrot chorante
Sem coragem nem estômago para seguir adiante
E nesta sina, de carnaval em carnaval
Vamos pulando para não cair
Cada qual no seu canto
Por entre Colombinas e Arlequins
Onde o som dos tamborins
Encobre um grito gutural
Que lamenta a própria desgraça
De mais um enredo imoral
De mais uma alegoria chinfrim
De mais um samba desandado
E mais uma quarta-feira sem-fim

Onde enterrei minha alegria
E morreu meu carnaval.


Harry V. Scott

Sunday, February 13, 2011

Monday, January 31, 2011

(DES)PEDAÇO


"ó, pedaço de mim..."

Hoje cortei minh'alma fora e dei aos lobos
Hoje cortei meu coração em quatro pedaços e lancei ao mar
Como oferendas para santos malditos
Um para cada canto do mundo
Longe demais um do outro para que voltem a se encontrar
Assim os quero, assim me quero
Sem meu coração
Sem minh'alma
Sem mim em mim mesmo
E sem toda a dor que este coração já carregou
E sem toda a culpa que esta alma amarga

Hoje me sinto como se tivesse arrancado um pedaço de mim
Para que o resto pudesse sobreviver
Um pedaço com importantes funções, um órgão vital, creio
Mas terei de aprender a viver sem ele
Hei de erguer a cabeça e mais uma vez correr
Para longe daqui
Para longe de mim, quem sabe
Mas sobretudo correr
Porque, quando se corre, não há tempo para pensar
Não consegue-se respirar, o cérebro quase para
Sim, estou falando de correr até não mais aguentar
Até quase morrer, perder o fôlego
Cair de estafado
Cair, dormir, morrer, apenas esquecer
Para talvez poder viver...ou ao menos morrer em paz

Monday, January 10, 2011

caça

Sou o oposto inverso verso reverso do verão
Sou escuro, pálido, gelado e denso
Sou gelo, sou nuvem, galho seco, folha ao chão
Sou lobo que uiva na estepe gelada
Sou eu encapotado na noite fria
Sou eu comendo a carne crua de uma lebre
Sou eu me aquecendo entre tuas coxas
Sou animal sedento, babando carniça
Sou pobre diabo em posição fetal
No colo de uma puta qualquer
O cão atropelado, agonizando em meio às moscas
Pétala caindo ao sabor do vento
Sou todo este gelo que às vezes derrete
Revelando alguém que você não conhece
E por isso não ama
Sou a dura capa que me cobre
Escondendo-me no que um dia amaste
Sou lobo, homem, lebre, cão manco
Sou borboleta, fada, sol e lua
Sou o inverno que me gela os ossos
Sou a paixão que te aquece a alma
O mais fuckin' lucky amuleto
O mais quebrado dos espelhos
Sou apenas isto ou aquilo
Sou humano, só, com meus erros e acertos
Com meu bem e meu mal
Meu bom e meu ruim
Meu sim e meu não
Sou eu
Se me queres, me aceita
Se me queres, me caça
...


Harry V. Scott