Monday, January 31, 2011

(DES)PEDAÇO


"ó, pedaço de mim..."

Hoje cortei minh'alma fora e dei aos lobos
Hoje cortei meu coração em quatro pedaços e lancei ao mar
Como oferendas para santos malditos
Um para cada canto do mundo
Longe demais um do outro para que voltem a se encontrar
Assim os quero, assim me quero
Sem meu coração
Sem minh'alma
Sem mim em mim mesmo
E sem toda a dor que este coração já carregou
E sem toda a culpa que esta alma amarga

Hoje me sinto como se tivesse arrancado um pedaço de mim
Para que o resto pudesse sobreviver
Um pedaço com importantes funções, um órgão vital, creio
Mas terei de aprender a viver sem ele
Hei de erguer a cabeça e mais uma vez correr
Para longe daqui
Para longe de mim, quem sabe
Mas sobretudo correr
Porque, quando se corre, não há tempo para pensar
Não consegue-se respirar, o cérebro quase para
Sim, estou falando de correr até não mais aguentar
Até quase morrer, perder o fôlego
Cair de estafado
Cair, dormir, morrer, apenas esquecer
Para talvez poder viver...ou ao menos morrer em paz

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