Thursday, August 11, 2011

AFTER-MORTIS


Sozinho acordo em meu quarto
Há um estranho dormindo no sofá da sala
Eu não ligo, pois ontem havia muitas pessoas desconhecidas em minha casa
Creio que nenhuma delas me fez companhia
Nenhuma delas me amou
Nem sequer carinho me deu
E, como diria um medíocre jornalista, "a vida segue"
Neste infindável after-hours
Um after-hours sem graça, sem sentido, sem amor, nem paixão
Um after-mortis.
E eu aqui
Não quero a cocaína deles
Bebo meu vinho e cada vez esqueço mais quem sou
Mas, infelizmente, me lembro
Quando o dia amanhece ou quando acordo, já ao anoitecer
E tudo se repete então
Preciso ver pessoas para não me sentir tão só
Preciso beber para esquecer quem sou e tudo o que perdi
Preciso desaparecer para renascer
Mas como?
Se nem sei mais quem sou
Se estou me perdendo de mim mesmo
Se nem mesmo sei ainda vivo
Se este estranho no sofá não acorda, para que eu possa sair e tentar viver
Se o cantor no rádio me diz que o amor é cruel, mortal

Sim, meu senhor, o mundo está cheio de filhos da puta
E eu não sou um...

Bem, vou tentar comer algo, pois a noite começou e preciso de forças para não me atirar ao mar…

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