"Os olhos fundos, as olheiras cada vez mais gritantes, o rosto cada vez mais magro, assim como o corpo, cansado do sofrimento que o que ela lhe dissera causou, mesmo depois de tanto tempo...um ano? Mais ou menos isso. E em todas as idas e vindas e das tentativas tanto de reacender o amor quanto de garantir uma amizade, ele sempre foi muito sincero, transparente e honesto. E talvez por issso mesmo que ela o odeie tanto, ela jamais admitiu tanta sinceridade, preferia o silêncio, a omissão dos fatos, a mentira até, coisa triste.
Ele estava tentando, mas tudo estava difícil demais, porque tudo esbarrava nas feridas que tudo aquilo lhe causara, não conseguia trabalhar direito, não se relacionava e, quando raro isto acontecia, não conseguia fazer sexo. Não conseguia, não queria, não tinha ânimo às vezes nem para beijos na boca, algo que para ele sempre foi tão vital quanto respirar. Não, ele não conseguia mais e por não conseguir, se embriagava cada vez mais e piorava tudo.
Ele ouviu uns conselhos de alguém especial, o que até o agradou e deixou um pouco contente. Até parecia que os conselhos dela lhe davam dicas, lhe diziam "anda de uma vez, eu estou aqui, não é isso que você quer?", mas depois de ouvir tanta coisa hedionda sobre si mesmo, ele duvidava de si, não havia mais auto-estima, auto-confiança, vontade, não havia mais nada ali naquele corpo oco, que geralmente nem chorar conseguia mais.
Pobre, podre, puto e apático, ele envelhecia a cada dia no stress de seu trabalho patético e a cada noite nos bares, destilando sua depressão e alegrando terceiros..."
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