Tuesday, November 20, 2012

CONSCIÊNCIA?

Que neste dia a consciência seja de todas as cores e que assim prossigam os dias, os anos e além!

ÓDIO SAGRADO
Cruz e Sousa

Ó meu ódio, meu ódio majestoso,
meu ódio santo e puro e benfazejo,
unge-me a fronte com teu grande beijo,
torna-me humilde e torna-me orgulhoso.
Humilde, com os humildes generoso,
orgulhoso com os seres sem Desejo,
sem Bondade, sem Fé e sem lampejo
de sol fecundador e carinhoso.
Ó meu ódio, meu lábaro bendito, da
minh’alma agitado no infinito,
através de outros lábaros sagrados.
Ódio são, ódio bom! sê meu escudo
contra os vilões do Amor, que infamam tudo,
das sete torres dos mortais Pecados!

Sunday, November 11, 2012

O FUTURO É INCERTO PARA BONNIE AND CLYDE
Vou contar-lhes uma rápida história sobre um certo casal de bandidinhos.
Eles não eram exatamente o famoso casal de gangsters dos anos 30, mas até que carregavam alcunhas parecidas e eram um pouco bandidos também.
B & C se conheceram por acaso e logo no começo enxergaram o crime que havia em sua relação, mas mesmo assim se entregaram àquela vida cegamente, apesar de um pouco coerentes às vezes. E durante algum tempo eles seguiram praticando pequenos delitos e transgredindo as normas e os tabus da sociedade, o que os fazia ter que se esconder pelos cantos escuros, hotéis de luxo(onde, evidentemente, usavam nomes falsos) ou se misturar à multidão em festas populares, quando se divertiam como crianças.
Mas a vida do crime foi ficando cada vez mais difícil, com a polícia fechando o cerco por todos os lados, fazendo os dois estarem quase sempre separados, cada um se escondendo à sua maneira. Dizem que foi isso que os deixou sem mais aquele ímpeto de amor e crime, mas eu acredito mesmo é que tenha sido a impossibilidade de estarem juntos apavorando a sociedade que os deixou meio frios. Nós, parceiros e capangas do casal já não reconhecíamos neles aquela dupla insanamente amorosa, que parava no meio de uma fuga para se beijar, mesmo correndo risco de serem presos ou mortos, e que ria como se nada mais importasse senão eles estarem juntos.
E tudo continuava piorando, durante alguns dias Clyde apareceu sozinho pelos esconderijos, mas Bonnie havia sumido. Um dia ela ligou para a casa dos Dalton's(família do crime que, além de parceiros, eram amigos do casal) e, por acaso, Clyde estava lá. Conversaram muito pouco e não sabe-se sobre o quê, ele saiu sem dizer onde ia e desde então ninguém sabe dos dois, ouvimos dizer que não chegaram a se encontrar, outros dizem que ele adoeceu e ela voltou para a casa dos pais, guardando do crime e de seu amado apenas as lembranças e uma pistola com cabo de madrepérola, que enterrou no terreno atrás de casa.
O certo é que a polícia jamais vai deixar de procurá-los, pois seu crime é irremediável. E os dois jamais serão esquecidos, pois seu amor era invejável.

Tuesday, October 30, 2012

DEFESA, JULGAMENTO E SENTENÇA



Minha morte já não faz alarde
Meu corpo já não é velado
Mas meu legado ainda os guia
E meu grito ainda ecoa em seus ouvidos
Fazendo-os calar
Tirando-lhes o fôlego

Ninguém me precedeu
Até poderia alguém suceder-me
Não fosse eu eterno
Não pensem vocês da Corte das Trevas
Que estaria eu sendo arrogante ou petulante
Pois em nenhum momento pronunciei
Que seria eu melhor que qualquer mortal ou imortal
Digo-lhes apenas que sou diferente deles
Que sou único
Posto que sou honesto comigo mesmo
Fiel àquilo em que acredito
E entregue totalmente às minhas vontades
E digo-lhes ainda mais
Mesmo quando desprovido de bens ou influências
Levei uma vida livre e intensa
Por tudo isso, Senhores da Corte
Não poderei entregar-lhes minh`alma
Nem aos senhores, nem tampouco aos seus "opositores"
Pois já está decidido
Eu mesmo julguei-me e a mim sentenciei



Esta alma continuará vagando por sobre o mundo dos vivos
Até que não haja um só ser para vê-la
E para sentir-lhe a aspereza dos versos
Tenho dito
Agradeço-lhes a atenção, lembranças ao seu juiz maior
E agora retiro-me
Devo apresentar-me em um cabaret qualquer

Tuesday, October 23, 2012

"...porque se isso tudo for uma grande mentira, ainda assim eu acreditarei piamente, ainda que a vida me doa e me despedace, ainda que teu ódio por mim seja insano e irreparável, ainda que eu vá te esquecer mais uma vez, eu acredito, eu acredito no teu amor..."

Tuesday, September 18, 2012

"E lá estava ele, ainda um pouco impactado pelo filme que havia assistido, cochilando e acordando para ver o tímido amanhecer do centro da cidade. Levantou-se e olhou pela janela: algumas poucas pessoas indo trabalhar e os taxistas ainda ali, travados, como sempre. Ligou o rádio e ficou pensando em tudo, absolutamente tudo, talvez...provavelmente...certamente por efeito do filme. Pensou em como tudo seria dali para a frente, mas tudo ainda era uma incógnita que dependia da morte definitiva do yuppie que o habitava há alguns meses. O yuppie, por sua vez, precisava de permissão para morrer e essa permissão poderia levar até uma semana para ser dada, segundo seu cordenador, que era um filho da puta que fazia tudo de má vontade, quando fazia.
Já era dia, denunciava o céu rosa e azul que subia por trás e acima do morro por entre os prédios, então levantou-se  mais uma vez do sofá, despindo-se do edredon e vestindo a mesma roupa com que fora trabalhar no dia anterior. Chico Buarque e outros sambas tocavam leves no rádio e ele ficaria ali pensando e montando planos um pouco mais, até que sua amiga convalescente acordasse e ele lhes fizesse um café, saindo antes dela e indo para casa trabalhar em seus projetos. O céu já era azul com nuvens brancas, sempre com ameaça de chuva e um mormaço, como nos últimos dias daquele inverno incomum.
Antes de levantar do sofá, ainda no centro, ele olhou mais uma vez para o amanhecer na janela e viu uma pomba branca em vôo, o que lhe fez lembrar de todas as coisas que viu, ouviu e sentiu nas últimas semanas, que indicavam e o empurravam para a liberdade, mas olhando novamente viu uma pomba negra, em vôo no sentido contrário da branca, que o fez pensar que de nada valeria aquela liberdade que mais uma vez galgava, se ele não fizesse o uso mais perfeito possível dela, aproveitando inteligentemente cada minuto para produzir ou para recuperar importâncias, substâncias e fundamentos.
Era hora de agir e ele sabia que esta era sua última chance."

Monday, September 10, 2012

Ouça soh

Veja Só

Tibério Azul

Veja só
Até parece que é o fim
Meu violão eu vendi
Porque o sensível me dói
Eu comprei uma bike
Uma Caloi colorida
Fiquei sem grana, porém
Pedalo o mundo
Sinto a rua
Leio a banca de revista
Tem entrevista
Veja só
E eu que pensei que fosse o fim
Tudo o que tinha eu revi
Mas minha alma ficou
Uma galinha a comer
Um filme pra assistir
Alguém me avisa
Mainha eu tô bem

http://youtu.be/rnTjCS4wo-s

Tuesday, August 21, 2012

"Os olhos fundos, as olheiras cada vez mais gritantes, o rosto cada vez mais magro, assim como o corpo, cansado do sofrimento que o que ela lhe dissera causou, mesmo depois de tanto tempo...um ano? Mais ou menos isso. E em todas as idas e vindas e das tentativas tanto de reacender o amor quanto de garantir uma amizade, ele sempre foi muito sincero, transparente e honesto. E talvez por issso mesmo que ela o odeie tanto, ela jamais admitiu tanta sinceridade, preferia o silêncio, a omissão dos fatos, a mentira até, coisa triste.
Ele estava tentando, mas tudo estava difícil demais, porque tudo esbarrava nas feridas que tudo aquilo lhe causara, não conseguia trabalhar direito, não se relacionava e, quando raro isto acontecia, não conseguia fazer sexo. Não conseguia, não queria, não tinha ânimo às vezes nem para beijos na boca, algo que para ele sempre foi tão vital quanto respirar. Não, ele não conseguia mais e por não conseguir, se embriagava cada vez mais e piorava tudo.
Ele ouviu uns conselhos de alguém especial, o que até o agradou e deixou um pouco contente. Até parecia que os conselhos dela lhe davam dicas, lhe diziam "anda de uma vez, eu estou aqui, não é isso que você quer?", mas depois de ouvir tanta coisa hedionda sobre si mesmo, ele duvidava de si, não havia mais auto-estima, auto-confiança, vontade, não havia mais nada ali naquele corpo oco, que geralmente nem chorar conseguia mais.

Pobre, podre, puto e apático, ele envelhecia a cada dia no stress de seu trabalho patético e a cada noite nos bares, destilando sua depressão e alegrando terceiros..."

Monday, July 30, 2012

"Ele colocou o livro dentro da jaqueta de couro, fechou e disse: "Pronto, Patti, agora você e Robert não irão mais se molhar." Lembrou-se de uma gata que tivera, Chic, que o escolheu, o seguiu e foi recolhida e, assim como o Patti e Robert, abrigada no interior de uma jaqueta rocker.
A chuva aumentava e, já na esquina do prédio em contrução, quase pronto agora, uma tela de proteção gigante e verde jazia em uma caçamba de entulhos, fazendo reverberar novamente a ânsia por ter a arte mais viva em sua vida novamente, ânsia que tivera durante a última semana inteira, quando tudo lhe gritava para saltar daquela vida, para parar de encenar um yuppie durante 8 horas do dia, coisa que lhe desagradava, mas que era seu atual sustento e que pagava parte das despesas de sua filha. Ele não suportava mais aquele emprego e queria voltar à arte em horário integral, mas exatamente naquela noite lhe foi dada a promoção. Era agora supervisor, grande merda, mas uma merda que elevaria seu miserável salário e colocaria seu currículo um degrau acima, dando-lhe mais chances de conseguir algo melhor em uma área que lhe apetecesse. Isto tudo sem falar que na sexta-feira ele completaria 1 ano trabalhando ali, coisa rara em sua bizarra carteira de trabalho, onde havia registro em rádio, lojas, estofaria, multinacional. Sim, ele era um anarquista que trabalhou em uma multinacional, mas ele pensava, e daí? Nunca ligou para os papinhos de ortodoxos de plantão, aqueles que "policiam o movimento". Tocou na primeira banda punk da cidade, quando quase não existia disso por lá, e anos depois era odiado pelos já numerosos punks por causa do seu visual e por não andar com eles.
Mas, voltando à esquina do prédio em construção, no fone de ouvido, a rádio tocava Beautiful Girl, do INXS e ele, inconscientemente e por impulso verbalizou um "STAY WITH ME", sem se tocar naquela hora que o verso anterior dissera "Nicky's on the corner with a black coat on, running from a bad home with some cat inside", o que só se deu conta depois, quando riu da quase coincidência entre a letra da música e sua história com a gata Chic.
Entre a caçamba e o final da rua, ele lembrou da garota do piano e também lembrou de sua ex-namorada, por quem tinha muito apreço, mas que não o compreendia e por isso o odiava por ele ter impedido que os dois levassem uma vida terrível e infeliz. Ele queria muito ser amigo dela, nem sabia se algo mais que isso, pois não pensava no assunto, eram absolutamente incompatíveis, mas ela não queria nem saber de sua existência e acabara com sua auto-estima, coisa que até então ele ainda não havia conseguido recuperar. Mas ele lembrou novamente da garota do piano e de como havia luz no seu sorriso, lembrou da foto em que ela aparece meio Audrey. Sorriu e esqueceu tudo isso, focando no que escreveria ao chegar em casa.
 Ele olhou esticadamente para dentro da caçamba, como sempre fez, caçando arte no lixo, mas a chuva o fez seguir adiante, agora mais rápido, porque não queria esquecer as coisas que estavam na cabeça antes que pudesse passar tudo para o papel. E assim o fez, chegou em casa, tomou uma sopa e um café, escreveu parte de seu "livro de retalhos" e só então entregou-se às ocupações medíocres que ultimamente tivera neste horário, não sem antes encher novamente de café a caneca com o rosto de Elvis Presley."
Nicky's on the corner
With a black coat on
Running from a bad home
With some cat inside

Sunday, July 29, 2012

"as coisas vem e vão com a mesma velocidade, as boas e as ruins, então, quando as coisas boas chegarem até você, por mais louca e transtornada e estraçalhada que esteja sua vida, cuide delas, dedique-se à elas, abrace e as mantenha por perto, porque senão, te restarão apenas as coisas ruins. E estas demoram mais a ir embora."

"é meu jeito de chegar e dizer que quero me apaixonar por você e quem sabe até te amar, se tudo der certo.

Que jeito? Pois é, este é o problema, eu sou desajeitado, não tem jeito, mas quem sabe se você me entender eu consiga te mostrar, de outro modo, que eu só quero ter alguém com quem me importar..."

"e o que fazer com esta desilusão e esta impaciência e intolerância para com os humanos? A solidão aumenta e você se distancia cada vez mais de tudo e de todos, construindo um muro real, transpassado apenas pela falsa realidade virtual, que só te faz rir e chorar..."

Tuesday, July 17, 2012

Alguns males são necessários, outros não. Alguns nem males são, de tão desnecessários.

Tuesday, July 10, 2012

“Na cidade em que nasci, há um grande número de suicídios. Em vez de me matar, resolvi escrever sobre a morte dos outros.”
André de Leones

Monday, July 09, 2012

E AGORA...

É um vazio tão grande que meu coração está repleto
Repleto de amargura, de dor, de secura, remorso e impotência
Nada mundano me atrai mais tanto assim, estou apático
O sexo não tem mais importancia, nem mesmo o beijo
Pareço definhas a cada noite de solidão
Mesmo as noites de solidão acompanhada
Dos amigos e conhecidos de bebedeira e confusão
A alma vai ficando pequena, murchando e desidratando
Agora choro, mas nem mesmo sei se é por não ter nada
Ou apenas por não ter conseguido chorar este tempo todo
Ou pela impotência existencial que se alastra em mim
Nem as realizações me fazem cócegas
Estão sempre incompletas, sempre pendentes
Estou sempre assim, cheio de tudo, vazio de mim

Harry V. Scott

Sunday, July 08, 2012

CALA-TE E VAI

Quem cala consente, é inocente, indecente ou inconscientemente mente?
Quem cala fala na mente.
Quem cala sente ou não sente?
AH VÁ, NEM COMENTE!
Quem cala não se declara, para, perde a fala
Quem cala a boca num beijo pelo menos aproveita o ensejo
Deste ardente desejo que avassala
Mas se em vez do beijo a fala
O amor com o ódio intercala
E da rosa só o espinho reconhece
Acaba por decepá-la
E o amor como tal desfalece
E se em vez de o bom recordar
Apenas o mal em teus ouvidos fala
Então é um anjo que te cala
Pois palavras que vêm o amor profanar
Não valem a pena, são barco sem mar
Então se me odeias, se teimas em não mais querer me amar
Só resta apoiar-te neste teu calar
E volto a falar de quem nega-me a fala
Quem se cala não tem lugar na sala
Vai-se embora de cuia e mala
Pois nada diz, nada fala, nada bom, nada mau.
Apenas calou-se?
Então tchau!

Harry V. Scott

Tuesday, July 03, 2012

"o ser-humano é uma cópia dele mesmo, que por sua vez é cópia do macaco pra uns e de deus pra outros. Para mim o ser-humano é o protótipo do diabo"
Harry Van Scott

Wednesday, June 20, 2012

"...Pois mesmo assim, permanecendo exatamente igual ao eu de trinta anos passados, estou em constante mudança...e, mesmo vivendo em mundos tão diversos e antagônicos, por vezes ao mesmo tempo, permaneço com minha escência intocada, como se tudo tivesse acontecido ontem, ou hoje..."
Harry Van Scott
Chris Landreth:“Steppenwolf” (1987)


Monday, June 11, 2012

APATIAdói mais que agonia
Sofrer por não sofrer demasiado
Sofrer demasiado
Por tudo que teria que ter sido e não foi
De dia, no teatro
O personagem veste a cor
Mas, cada vez mais negra
A noite obriga o sol a se por
A noite abriga o sol poente
A noite me obriga a depor

Minha vida em revista
Duvido
Se fui
Se estou
Ou se vou

Viver e morrer
Vivo e morto estou
Harry V. Scott